A movimentação de contêineres na Costa Leste da América do Sul deve crescer 5,9% ao ano até 2023. Em 2018, os portos brasileiros, argentinos e uruguaios movimentaram, juntos, 12,7 milhões de TEUs, o que representou um acréscimo de 4,9% em relação a 2017, quando foram registrados 12,1 milhões de TEUs.
O crescimento previsto para os próximos cinco anos na região será impulsionado principalmente pelo Brasil, que deve ampliar sua movimentação em 6,5% ao ano nesse período. O volume de contêineres movimentados nos terminais brasileiros deve saltar de 10,3 milhões de TEUs para 14,1 milhões de TEUs até 2023. As informações são do East Coast South America (ECSA) Container Terminals Report 2019, produzido pela Datamar, consultoria especializada na análise do comércio exterior via modal marítimo.
O estudo traz uma análise detalhada dos terminais de contêineres na Costa Leste da América do Sul, traçando a previsão de demanda e capacidade por região, o planejamento das autoridades portuárias para concessões de terminais, as novas configurações dos serviços dos armadores, as restrições portuárias frente ao aumento do tamanho dos navios e a visão dos terminais sobre a economia e o ambiente de negócios, infraestrutura e equipamentos, dentre outras informações.
As análises contidas no ECSA Container Terminals Report 2019 contaram com o apoio de Andreas Nohn, consultor marítimo independente que atuou de 2013 a 2017 como economista de Transportes na Hamburg Port Consulting. Para a realização do relatório, a Datamar entrevistou diretores e autoridades de 22 terminais de contêineres no Brasil, seis na Argentina e dois no Uruguai.
De acordo com o estudo, de todas as regiões do Brasil, a que apresentou maior taxa de crescimento foia Região Norte, onde a cabotagem é muito presente para o transporte de eletroeletrônicos e autopartes. Já o Porto de Santos (SP) tende a crescer mais de 1 milhão de TEUs, causando o maior impacto em números absolutos.
Outro ponto de destaque é a previsão de utilização dos terminais, ou seja, quanto se tem de movimentação em relação à capacidade, que deve subir de 56,6% para 64,7% em 2023, considerando as expansões atualmente planejadas pelos terminais. A incorporação de embarcações cada vez maiores às frotas – navios de 14 mil TEUs – trará mudanças à navegação regional, já que nem todos os portos serão capazes de receber os grandes navios. “Buenos Aires é o caso mais emblemático, e que tende a provocar um aumento de transbordos em Santos e nos portos do sul do Brasil”, explica Andrew Lorimer, diretor da Datamar.
Com a contínua consolidação do setor, o mercado de transporte de contêineres na região ECSA está cada vez mais concentrado. De acordo com o relatório, os quatro maiores armadores – Maersk, MSC, CMA CGM e Hapag-Lloyd – respondem por 79,2% de toda a capacidade prevista em fevereiro de 2019. Em termos de tráfego marítimo, as quatro empresas representam 82,3% do total de contêineres embarcados em 2018. Desses quatro armadores dois são sócios em terminais de contêineres de importante relevância no Brasil. “A tendência é que os terminais independentes tentem encontrar o seu nicho. Se o otimismo apontado pelo relatório se concretizar, haverá espaço para todo mundo”, ressalta Lorimer.
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